“O Ministério da Educação, até certa altura ignorou tudo
o que eram opiniões, sugestões, contributos, para que o ano lectivo se
iniciasse e decorresse de forma adaptada à realidade. Entendeu iniciar logo em
Setembro, as actividades lectivas, como se nada se passasse. Manteve o mesmo
número de alunos por turma, manteve a falta crónica de pessoal auxiliar nas
escolas, para ajudar às limpezas e higienização, a falta de professores
manteve-se”.
O sindicalista salienta que “o Ministério e o Governo,
sempre foram dizendo, que as escolas eram dos locais mais seguros para estar.
Que não havia contágios e nesse sentido manteve-se as escolas a funcionar, como
se nada se passasse, com algumas medidas, que estavam muito longe do que era a
realidade. Até que a certa altura tiveram que encerrar durante um período de
cerca de duas semanas”.
Sobre este período de fecho das escolas, acrescenta que
“nós esperávamos que fosse para preparar o retorno às aulas presenciais, com
medidas de segurança adaptadas ao sistema educativo, no sentido de salvaguardar
a saúde de todos”.
Manuel Nobre adianta que “o Ministério preferiu o caminho
mais fácil. Aparentemente não preparou o
retorno às actividades lectivas presenciais, que é o modelo que nós defendemos.
É mais justo, não deixa alunos para trás, garante a igualdade. O Governo entendeu manter em teletrabalho os
docentes e os alunos em ensino à distância”.
Sobre os problemas e dificuldades, que tem surgido, o
presidente do SPZS salienta estar a acontecer que “estamos a receber contactos
de colegas e de encarregados de educação, dando nota das dificuldades, que este
regime representa. Há alunos que não têm luz eléctrica, outros não tem
internet, uns não tem os meios informáticos, outros tem os meios, mas não tem
acesso à internet. A maior parte dos professores também tem problemas. Há quem
tenha filhos em casa, estão a dar aulas à distância, mas tem que tomar conta
dos seus filhos. Outros colegas tem que repartir os meios informáticos com os
filhos, com os seus familiares. Aquilo que seria a solução transitória e de
recurso, parece que, (dada a inércia e à impreparação do Governo), está para
ficar com todas as consequências e prejuízos, para o sistema educativo e para o
normal funcionamento da Escola Pública, que tem como responsável o Governo.
Este não soube estar à altura do que a situação exigia”.
O sindicalista afirma que “iremos continuar a insistir,
no sentido que sejam tomadas medidas concretas, que defendam a saúde de todos,
mas também para que se criem os mecanismos para um retorno progressivo ao
ensino presencial. É a única forma de garantir o efectivo papel da Escola
Pública e da educação de todos os portugueses”.