A ideia partiu de Fernando Rei, quando o investigador no MED
- Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, que é
também professor do Departamento de Fitotecnia da UÉ, “começou a estudar a
forma de limitar a mosca-da-azeitona recorrendo a metodologias de captura em
massa (ou captura massiva), em alternativa à luta química. Os dispositivos
propostos pelo investigador, têm como objetivo capturar um elevado número de
indivíduos da praga e reduzir significativamente a sua população e
consequentemente o seu impacto nos olivais”. Refere o comunicado da UÉ.
“A mosca-da-azeitona é uma praga chave do olival que pode
reduzir em mais de 90% a produção de azeitona para azeite”, explica Fernando
Rei, destacando a este propósito que, na tentativa de limitar esses insetos, a
utilização de inseticidas químicos tem sido uma constante “com um impacto
significativo no meio ambiente”.
Comunicado:
UÉ desenvolve novos dispositivos para combater
uma das pragas com maior importância económica em todo o olival
Universidade de Évora (UÉ) desenvolve três dispositivos para
captura em massa de insetos voadores, em particular para
limitação da mosca-da-azeitona (Bactrocera
oleae), em todos os regimes de plantação de olival (tradicional,
intensivo e superintensivo). Com um desenho inovador e
um funcionamento autónomo e ativo, os sistemas desenvolvidos pela UÉ aguardam
atribuição de patente europeia.
Évora, 15 de fevereiro de 2021
A ideia partiu de Fernando Rei,
quando o investigador no MED - Instituto Mediterrâneo para Agricultura,
Ambiente e Desenvolvimento, que é também professor do Departamento de
Fitotecnia da UÉ, começou a estudar a forma de limitar a mosca-da-azeitona recorrendo a metodologias de captura em
massa (ou captura massiva), em alternativa à luta química. Os dispositivos
propostos pelo investigador, têm como objetivo capturar um elevado número de
indivíduos da praga e reduzir significativamente a sua população e
consequentemente o seu impacto nos olivais. “A mosca-da-azeitona é uma
praga chave do olival que pode reduzir em mais de 90% a produção de azeitona
para azeite”, explica Fernando Rei, destacando a este propósito que, na
tentativa de limitar esses insetos, a utilização de inseticidas químicos tem
sido uma constante “com um impacto significativo no meio ambiente”.
O investigador, que dirige o
laboratório de Entomologia da UÉ, começa por explicar que a técnica mais difundida
para a captura em massa da mosca-da-azeitona centra-se na utilização de
armadilhas do tipo Olipe, ou seja, uma garrafa de plástico com capacidade de
1,5 litros contendo no interior uma solução que emana compostos voláteis
atrativos para os insetos adultos da praga, especialmente as fêmeas. Colocadas
em cada uma ou duas árvores, a sua utilização em olivais intensivos e
superintensivos (com cerca de 2.000 árvores/ha) “acarreta um esforço
logístico que inviabiliza a sua utilização prática”, mais uma razão que
levou o investigador a desenvolver novos modelos de armadilhas.
E os resultados superaram as
expetativas ao conceber de raiz dois modelos de estações de captura massiva, com
reduzida manutenção de funcionamento, de forma cilíndrica e de grandes
dimensões (70 x 30 cm), dispostas verticalmente, possuindo as extremidades
abertas maximizando a circulação do ar no seu interior, tanto de forma passiva,
promovida por convecção térmica, como ativa, por ação de uma ventoinha no seu interior.
A abertura conjunta das suas extremidades inferior e superior faz
destas estações de captura inovadoras pois usualmente as armadilhas até agora
disponíveis possuem aberturas de pequena dimensão, na sua base, na lateral e ou
no topo do seu corpo”, acresce ainda o facto da abertura superior das
estações de captura, com 30 cm de diâmetro e 6 cm de altura, permitir “a
libertação fácil e eficiente dos voláteis atrativos, ao redor da armadilha, a
uma distância de pelo menos 10 metros, assim como a fácil entrada dos insetos a
capturar, atraídos por esses voláteis”. A retenção dos insetos no interior das
estações de captura pode ser obtida por eletrocussão (modelo ‘Eletrocutor’) ou por
placas cromotrópicas adesivas (modelo ‘Adesivo’).
O investigador destaca que duas
estações de captura apresentam um desenho externo semelhante porém são
internamente distintas, uma possui um eletrocutor enquanto outra utiliza placas
amarelas com adesivo verificando-se ainda diferenças quanto aos dispositivos
eletrónicos e elétricos necessários para o seu funcionamento.
O facto mais surpreendente é a diminuição do
número de armadilhas necessárias por hectare, passando de 57 armadilhas do tipo
Olipe para a utilização de apenas 11 a 12 destas estações de captura
desenvolvidas pela Universidade de Évora.
Para além dos dispositivos de captura descritos
foi ainda desenvolvida uma outra armadilha de captura em massa, denominada
‘Horizontal-tubular’, que possui igualmente uma forma inovadora, com um
corpo externo tubular e um esqueleto em espiral ou linear, com cerca de 10 a 15
cm de diâmetro, que deve ser fixado horizontalmente, aos ramos periféricos da
copa. Com um comprimento de pelo menos 6 metros, possui orifícios ao longo do
seu comprimento, com diâmetros entre 20 e 30 mm. No seu interior é colocada uma
solução atrativa volátil, adicionada com inseticida, posteriormente disseminada
pelos orifícios da armadilha, por onde entrarão os insetos atraídos, sendo
posteriormente eliminados após ingerirem a solução atrativa com o inseticida. Face
à sua forma tubular flexível, pode ser colocada ao redor das copas ou ao longo
de cada linha de árvores, em olivais em regime de sebe (superintensivo).
De dimensão mais reduzido e desenho
mais simples do que as estações de captura acima descritas, a
“Horizontal-tubuçar” emprega emissão passiva dos voláteis, sendo necessário
colocarem-se 30 por hectare, ainda assim em menor número do que as necessárias
do tipo Olipe.
Os três dispositivos para captura em massa foram
desenvolvidos no âmbito do projeto “A Proteção Integrada do olival alentejano.
Contributos para a sua inovação e melhoria contra os seus inimigos-chave”, com
referência “ALT20-03-0145-FEDER-000029”, cofinanciado através dos Programas
Alentejo 2020, Portugal 2020 e pelo FEDER, da responsabilidade do Laboratório
de Entomologia, com a colaboração dos Laboratórios de Engenharia Rural e de
Mecatrónica, da UÉ.