A presidente da autarquia, Maria
Clara Safara, em declarações à Planície referiu que “A situação, como é
conhecida publicamente, temos um surto que nós, enquanto Protecção Civil,
achamos que está na comunidade. Somos um
concelho pequeno, com poucos habitantes e alertamos a Saúde Pública para essa
situação”.
Segundo a autarca, a Unidade de
Saúde Pública "não tem actuado com a rapidez e eficácia que a situação
exige, o que poderia ter evitado o aumento de casos na comunidade".
Em causa está um surto de
covid-19 detectado no final de Novembro, cujo primeiro caso de infecção
conhecido foi o de uma professora do agrupamento de escolas.
Nessa altura, segundo a autarca,
a Protecção Civil Municipal enviou uma listagem com cerca de 94 pessoas que
deveriam ser testadas, por terem tido contacto com casos positivos, mas a Saúde
Pública, nos estudos epidemiológicos, entendeu que não havia perigo de o surto
passar para a comunidade.
"O certo é que os casos continuaram
a aumentar e, no dia 3 deste mês, foi feita uma nova comunicação da Protecção
Civil Municipal para a Saúde Pública a reforçar que a situação estava a
tornar-se crítica no concelho”, adiantou a presidente.
Maria Clara Safara assinalou que “foi
então pedida a realização de testes em todos os lares, nos bombeiros, nos
serviços da câmara municipal e, principalmente, na comunidade escolar, e foi
solicitado o encerramento da escola”.
"Tínhamos, nessa altura, 18
casos activos e um total acumulado de 28 casos", referiu, acrescentando
que o relatório da situação epidemiológica no concelho divulgado na
quinta-feira indica a existência de 40 casos activos e 81 acumulados.
De acordo com a presidente do
município, a Proteção Civil Municipal "sempre colaborou com a Saúde
Pública, nomeadamente na formação das cadeias de contactos e do envio das
listagens, uma vez que são as próprias famílias que dão indicação" dos
testes com resultado positivo”.
"Ajudámos a formar essa
listagem de contactos com 94 pessoas e achamos que, se certas pessoas tivessem
sido testadas, talvez [o surto] não tivesse atingido esta dimensão",
afirmou.
A autarca admitiu ainda que
"pode haver falta de recurso humanos na Unidade de Saúde Pública e que
outros concelhos passam pela mesma situação, mas advertiu que as autoridades
deveriam ter em conta as especificidades de cada concelho, porque quanto menos
habitantes, mais facilmente o vírus se dissemina".
A autarquia avançou então com uma
testagem em massa, em parceria com a Universidade de Évora, que envolve um
investimento "superior a 12 mil euros", por o vírus da covid-19 estar
"instalado na comunidade".
Os 306 testes realizados na
passada sexta feira, incluíram utentes e funcionários dos lares nas freguesias
da Granja e Luz, bombeiros, militares da GNR, funcionários do município e da
Associação de Desenvolvimento de Mourão, e todas as pessoas da comunidade que
tiveram contacto com casos positivos. Os testes realizados no Lar de Nª Senhora
das Candeias em Mourão foram realizados pela Saúde Pública, uma vez que havia 3
funcionárias positivas, tendo o resultado dado negativo para todos os utentes.