"Sempre que houver situações em que [médicos] por
qualquer motivo peçam mobilidade, temos [Ministério da Saúde] que mobilizá-los
para ficarem durante esta fase do estado de emergência", afirmou António
Lacerda Sales, referindo que isto "foi o que foi feito" em relação
aos dois médicos de saúde pública da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo
(ULSBA).
António Lacerda Sales falava aos jornalistas na Base
Aérea n.º 11, em Beja, onde, acompanhado pelo secretário de Estado Adjunto e da
Defesa Nacional, Jorge Seguro Sanches, visitou um centro de acolhimento para
infetados com o vírus da covid-19.
Na terça-feira, em declarações à Lusa, a presidente da
ULSBA, Conceição Margalha, disse que esta entidade, que integra o hospital de
Beja e os centros de saúde de 13 dos 14 concelhos do distrito de Beja, corre
risco de ficar sem médicos de saúde pública se não for possível substituir os
atuais que estão de saída.
Segundo a responsável, atualmente, a Unidade de Saúde
Pública da ULSBA tem três médicos, nomeadamente dois especialistas em saúde
pública e uma interna em formação na especialidade.
Os dois médicos especialistas candidataram-se a um
concurso de mobilidade e ficaram colocados na Administração Regional de Saúde
(ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, para onde vão ser transferidos, explicou.
Se os dois especialistas não forem substituídos, a
terceira médica interna não poderá continuar na ULSBA sem tutor e terá de sair
para continuar a formação na especialidade noutra unidade de saúde,
acrescentou.
António Lacerda Sales explicou que há um despacho do
Ministério da Saúde que o autoriza a impedir, "só durante o estado de
emergência", a mobilidade de profissionais de saúde, "médicos
essencialmente", para outros serviços.
"Não queremos interferir na vida pessoal das
pessoas", frisou, explicando que o que o ministério pede aos profissionais
de saúde é "alguma compreensão" para que se mantenham nos serviços
atuais "durante esta fase mais difícil da pandemia e do estado de
emergência" e "depois, com certeza, terão oportunidade de fazer a sua
vida livremente".
O secretário de Estado da Saúde frisou que os recursos
humanos em saúde pública não abundam", nomeadamente nos territórios de
baixa densidade, como o Alentejo, onde a situação se agrava-se, porque "há
uma maior dificuldade em fixar esses recursos".
"O que o Governo pode garantir é que, através de
todos os meios legais e no quadro legal que tem, fará todos os possíveis para
fixar e manter os que já cá estão e também criar obviamente incentivos para
outros que possam vir, não só de saúde pública, falo de todos os recursos na
saúde", afirmou.
António Lacerda Sales disse que o Alentejo, no âmbito do
plano de expansão da capacidade laboratorial nacional para testes de
diagnóstico do vírus da covid-19, beneficiou de um investimento de mais de 787
mil euros, 109 mil dos quais foram para a ULSBA.
Segundo o secretário de Estado, devido à covid-19, já
foram contratados 54 profissionais de saúde para reforçar a ULSBA, que também
está "a reestruturar e a adequar" a Unidade de Cuidados Intensivos do
hospital de Beja "para uma resposta mais adequada" à pandemia.
Lusa