"Devido à covid-19, houve uma redução drástica" da
oferta de transporte público rodoviário que serve a população em deslocações
dentro e para fora do concelho, disse à agência Lusa Paulo Conde, do Movimento
de Utentes dos Serviços Públicos de Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja.
Segundo o responsável, a concessionária dos serviços
públicos de transporte rodoviário de passageiros existentes no Baixo Alentejo,
a empresa privada Rodoviária do Alentejo, "suprimiu várias
carreiras".
"Há poucos transportes e em horários que não servem as
necessidades da população", lamentou, frisando que o movimento "não
compreende que, após o início do desconfinamento", a população do concelho
"continue privada de várias carreiras", porque "já estão
reunidas algumas condições para repor e até aumentar o número de
carreiras".
A situação levou o movimento a realizar hoje uma tribuna
pública na vila de Ferreira do Alentejo para os utentes exigirem "mais e
melhores transportes" e "um maior respeito por quem precisa de
transporte público", explicou Paulo Conde.
Na tribuna, o movimento aprovou uma moção a exigir à
autoridade de transporte público da região, a Comunidade Intermunicipal do
Baixo Alentejo (CIMBAL), e à Rodoviária do Alentejo que "tomem as
providências e medidas adequadas para resolver o problema".
Na moção, o movimento considera "imprescindível" e
"exige" que "sejam repostos os horários suprimidos e, ao mesmo
tempo, reforçadas as carreiras" para os utentes de transportes públicos
poderem "viajar em segurança e respeitar as normas em vigor" e
determinadas pelas autoridades de saúde devido à covid-19, disse.
"É uma responsabilidade de todos garantir o
distanciamento físico, mas a atividade económica tem de continuar e tem de ser
dada resposta às necessidades de deslocação das pessoas", refere o
movimento na moção, frisando que "são os mais carenciados que mais
necessitam de usar os transportes públicos".
Paulo Conde disse que o movimento já reuniu com a Rodoviária
do Alentejo, que explicou que a redução da oferta de transportes se deveu à
pandemia de covid-19 e levou a que a empresa colocasse vários trabalhadores em
regime de 'lay-off' e remeteu para a CIMBAL.
O movimento também enviou um ofício à CIMBAL, a qual, na
resposta a que a Lusa teve hoje acesso, explica que, devido à covid-19, os
transportes públicos rodoviários de passageiros da região "estão a funcionar
apenas com os serviços mínimos" e a ser "financiados com recurso a
verbas transferidas do Orçamento do Estado pelas autoridades de
transporte".
"O serviço é altamente deficitário devido à quase
inexistência de passageiros no período pandémico que atravessamos", ao
qual se juntou o período de férias, refere a CIMBAL, explicando que, "no
final de julho", esgotou "quase na totalidade" as verbas para
financiar os serviços mínimos e, por isso, teve de "optar por assegurar apenas
algumas carreiras, dado o grande dispêndio que comportam".
A CIMBAL explica que a legislação "impossibilita"
que o apoio aos operadores de transporte rodoviário "exceda mais de 50% da
oferta habitual" e, por isso, está "a tentar manter um nível mínimo
de serviço, de acordo com as disponibilidades financeiras" e irá
"reavaliar a situação" este mês.
Na resposta, a CIMBAL indica que aguarda a divulgação das
verbas destinadas à CIMBAL no Orçamento Suplementar para este ano e o início do
novo ano letivo com aulas presenciais para "repor o normal funcionamento
dos serviços".
Contactada hoje pela Lusa, a CIMBAL, através de fonte
oficial, justificou a situação com os mesmos argumentos e prestou as mesmas
informações que tinha dado na resposta ao movimento.
Lusa